quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O vazio pós espetáculo

No dia 25 de outubro, último sábado, aconteceu o espetáculo de final de ano do estúdio de dança do ventre em que dou aula. Deu tudo certo, foi lindo, emocionante, as meninas arrasaram, se superaram e brilharam. Pela primeira vez não pensei somente na minha performance. Pensei no espetáculo todo. Porque antes só dançava como aluna e minha única preocupação era se iria acertar ou errar os passos.

Dessa vez dancei como professora, ajudei a organizar, ajudei na escolha de uma boa figurinista (que fizesse roupas lindas e com preço acessível), ajudei na divulgação, venda de ingressos, montei coreografias, resolvi problemas, sofri pressão, aguentei brigas e olhares tortos, porque nunca conseguimos agradar 100% das alunas em relação a figurinos, música da coreografia, dia da apresentação, venda de ingressos, mas sobrevivi a tudo isso. E no final deu tudo certo. Todo mundo saiu da apresentação feliz e realizado. E o público amou! Recebi diversos feedback positivos: “Que a apresentação foi uma das melhores dos últimos tempos!”, “Que os figurinos estavam maravilhosos, que as coreografias estavam espetaculares e as meninas estavam deslumbrantes”. Hoje fiquei sabendo que nosso espetáculo foi citado de forma positiva por um vereador no início da sessão da câmara. O reconhecimento gera uma sensação muito boa.

O processo da construção de um espetáculo é muito complicado, tem que planejar, reservar teatro, selecionar quais turmas irão dançar o que (folclore, dança moderna, dança clássica), avaliar e decidir quais alunas poderão realizar solos, depois disso tem que decidir como será o figurino, tem que pensar nas coreografias, tem correr atrás de patrocinadores, tem que fazer divulgação, tem que ir atrás de filmagem e fotografia, marcar ensaio geral. Além de tudo tem que apaziguar os ânimos das alunas, pois são muitas personalidades juntas. Algumas meninas são tranquilas, outras brigam e se estressam por qualquer coisa. É muita coisa para se preocupar, é muita gente para acalmar. E no dia da apresentação tem que estar bela em cima do palco sem nenhuma cara de cansaço.

Até o dia da apresentação o tempo passa devagar, são tantos preparativos, o mês que antecede o espetáculo é lotado de afazeres, são os últimos ajustes, são ensaios exaustivos, são as expectativas e possibilidades.

E então chega o grande dia: todo mundo no teatro logo cedo, marcação de palco, coração começando a acelerar, um pouco de dor de barriga, mãos geladas! Depois tem que correr pro cabelereiro, fazer a maquiagem e voltar à noite, toda bela e com diversas preocupações: “Será que vou acertar aquela parte que eu sempre erro?”, “Será que vou lembrar da coreografia?”, “Será que vou tropeçar?”, “Será que vou lembrar de sorrir?”. E vejo essas questões no rostinho de cada aluna que está ali no camarim. Algumas não aparentam tanto nervosismo, algumas chegam aceleradas e querem dançar logo para se livrar logo das borboletas no estômago.

E chega a hora de entrar no palco, o coração dá um pulo e você vai! E tudo passa tão rápido que você sai do palco meio atordoada, pensando “SÓ ISSO?”. Aí você relaxa e assiste suas companheiras de dança se apresentando, se diverte, bate palmas, pula, grita e se diverte horrores na apoteose. E aí vem o vazio! “Acabou? E agora? Quero mais!!!”.

Confesso que fiquei até um pouco deprimida no dia seguinte da apresentação, senti como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado. Me senti realizada, ganhei presente das alunas, ganhei parabéns de diversas pessoas, sai com a sensação de missão cumprida, mas com uma pontinha de tristeza por ter acabado. Mas isso durou só um pouco, porque comecei a me preocupar com o próximo espetáculo!E aí meu animo voltou completamente, pois me lembrei da música do Queen: “The Show must go on” (O Show deve continuar!). E já estou com muitas ideias borbulhando no meu cérebro!;-)


“My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly my friends
The show must go on” – Queen


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