segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A paixão pela dança


Ontem foi meu aniversário e dessa vez não quis fazer grandes comemorações, fui almoçar com minha família e depois fui com meu namorado ao Sesc assistir a excelente banda Fábrica Latina que toca salsa. Chegamos uma meia hora antes e estava tendo uma aula aberta de salsa ministrada pelo grupo de dança de salão Embalanço de Araraquara, e eu como amo qualquer tipo de dança não me aguentei e fui fazer a aula que foi muito boa por sinal. E tinha gente de todo tipo, gente de shorts, de chinelo, de calça comprida. Tinha um senhor idoso gracinha que chegou de bengala, uma senhora de cabelo bem branquinho tão linda com um vestido florido e uma sapatilha verde, tinha um rapaz que já vi outras vezes no Sesc que tem um jeito todo próprio de dançar, e haviam crianças risonhas, adolescentes charmosas, bailarinos de verdade, pessoas de várias profissões e idade.

E fiquei observando o rosto de cada uma daquelas pessoas, os sorrisos, os olhos fechados enquanto requebravam seus quadris ao som da deliciosa melodia latina. Todos ali em paz, sentindo a música. Puderam esquecer, pelo menos naquele instante, dos seus problemas pessoais, suas angústias, seus medos, seus rancores, suas dores.

E o que aquelas pessoas tão diferentes tinham em comum? A paixão pela dança. E era tão lindo ver a professora de dança dançando com o senhorzinho de bengala e a senhora de vestido florido dançando com o rapaz de camisa bege, cada um dançando de um jeito, uns dançando em par, outros girando pela pista sozinhos.

Fiquei tão feliz por perceber que a dança acalenta as pessoas e as une. E naquele momento tive a certeza que também sou uma apaixonada pela dança. 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Reflexões sobre as aulas de dança do ventre.

E mais um ano se inicia, e tenho certeza que todas nós esperamos muitas coisas desse novo ano. E são muitos desejos: ter um filho, mudar de emprego, receber um aumento, fazer aquela tão sonhada viagem, ter mais saúde, encontrar um amor, se curar de uma doença, parar de fumar, emagrecer, fazer uma plástica, se matricular em um curso novo, aprender a dançar, etc.

Ontem foi minha primeira aula do ano, e pedi para minhas alunas darem as mãos, se olharem e imaginar que todas elas têm desejos, frustrações, momentos de raiva, de alegria, de bondade, já sofreram, já amaram e odiaram, já foram amadas e odiadas, já choraram, já riram muito. O ser humano é assim, contraditório. E pedi que elas esquecessem um pouco de si mesmas e pensassem nas suas colegas, porque na aula de dança focamos o tempo todo em nós, queremos melhorar os movimentos, evoluir, aprender mais, queremos nos destacar. Temos um espelho a nossa frente que nos mostra o que temos de bom e o que temos de ruim. E nas muitas vezes em que pensamos na nossa colega de aula, é com impaciência porque ela não consegue aprender um passo, ou com inveja por ela ter facilidade na realização dos movimentos, e quase nunca nos colocamos no lugar dela, imaginando que ela poderia ser você.  Falei para as meninas que é importante sim, essa busca da excelência e realização pessoal, mas também é importante lembrar que quando colocamos o pé na sala de aula somos um grupo, uma equipe e quando formos nos apresentar não adianta apenas uma aluna estar linda, executando os movimentos com perfeição se não está acompanhando o grupo. Então pedi que elas fossem mais tolerantes umas com as outras, inclusive consigo mesmas. Porque temos uma tendência a nos colocar para baixo, só enxergamos nossos defeitos e esquecemos de nos parabenizar pela coragem de aprender uma coisa nova, por cada passo aprendido, por cada melhoria conquistada.

E quando começamos uma coisa nova, sentimos ansiedade, as vezes sentimos tanto medo que preferimos nem começar, e me lembrei de como foi minha primeira aula, decidi fazer dança do ventre quando me mudei pra São Paulo e estava me sentindo triste e solitária, longe da minha família. E lembro que me matriculei no Khan El Khalili que era perto da minha casa (na época nem imaginava que era a melhor escola de dança do ventre de São Paulo), e lá fui eu toda nervosa para primeira aula. Entrei em uma turma que já havia começado e as meninas já estavam executando alguns movimentos com facilidade, e eu os achei deveras complicados. Fiquei boiando em vários momentos, e pra piorar no final da aula a professora botou uma música, todas ficaram em círculo e cada uma deveria ir para o meio do círculo e fazer uma dança, eu quase morri de tanta vergonha, não sabia fazer quase nada. Voltei pra casa e chorei. Mas como boa capricorniana que sou e não sou de desistir fácil, voltei para a segunda aula e assim fui. E quando tinha dificuldade em algum passo, treinava em casa. 

As vezes minhas alunas, ao se depararem com algum passo complicado, falam: “Não consigo!”, e fico brava, falo que é proibido falar “Não Consigo” na minha aula, sabe por que? Porque o cérebro é muito poderoso e quando você fala ou pensa “Não Consigo” o cérebro manda essa mensagem para o seu corpo e aí o movimento não sai mesmo. É importante trocar o “Não Consigo” pelo “Vou conseguir um dia”, porque pode ser que na hora esteja difícil, suas colegas já pegaram o passo, menos você, não se compare, vá no seu tempo, falo isso por experiência própria.

Além de não se cobrar tanto, ponho aqui algumas dicas de aula para todas as alunas (as que irão começar e as que já estão na dança do ventre):
  • É normal ficar ansiosa na primeira aula, pois não sabemos com o que iremos nos deparar. Saimos da nossa zona de conforto, é um mundo novo. Lembre-se que não só você está ansiosa, suas colegas também estão.
  •  É normal sentir vergonha. Temos uma tendência a achar que todo mundo está olhando pra gente, que todos estão vendo nossos passos, nossos erros, nossa descoordenação. Isso não acontece, a única pessoa que estará olhando para você durante a aula será a professora, as outras alunas estarão concentradas nos próprios passos e estarão pensando a mesma coisa que você “Será que todo mundo está me olhando?
  •  Para as alunas que já estão algum tempo na dança, não corrijam suas colegas, as vezes é com a melhor das intenções, mas isto muitas vezes pode constranger sua colega e até mesmo a professora, que pode sentir que não está cumprindo seu papel. Deixe que a professora corrija. Caso perceba que a professora deixou passar algo, avise a professora em particular.
  •  Respeite suas colegas. Lembre-se que cada uma tem seu tempo de aprendizado.
  • Respeite sua professora. Confie na experiência dela. Se você não confia no trabalho dela é melhor buscar outra profissional, ao invés de ficar criticando a aula ou pedindo que ela dê o passo x ou passo y. A professora tem um plano de ensino e cada coisa será ensinada no devido momento, não tente pular etapas, para algumas alunas que têm mais facilidade, as aulas iniciais podem ser bem enfadonhas, tenha paciência ou mude para uma turma mais avançada. Caso queira que a professora se aprofunde mais em algum tema ou passo marque uma conversa em particular com ela.
  • Seja leve. É importante a busca da evolução, do aprendizado, mas é importante levar a aula de um modo mais leve, gostoso e divertido.  É um momento seu, um momento longe dos problemas de casa ou do trabalho. Não leve tudo a ferro e fogo.
 E lembre-se que sua professora está lá para te ajudar e para tirar o seu melhor, e quando tiver qualquer dúvida, conflito, ansiedade, desabafo marque uma conversa com ela. Sou a favor da comunicação, tudo se resolve com muita conversa. E que venha 2015!Com muito sucesso, superação e evolução na dança!