Faz um tempão que quero escrever sobre a importância da
expressão na dança do ventre.
Fico muito preocupada quando vejo uma bailarina ou grupos se
apresentando sem expressão nenhuma ou expressão estática (sorriso fixo, por
exemplo). Já vi meninas que dançam super bem, com técnica impecável e com cara
de nada.
Sabe o que acontece quando entra uma bailarina assim pra
dançar? Logo o público perde o interesse. Porque a bailarina acaba se tornando
um ‘enfeite’. O que quero dizer com isso? É aquele objeto que você compra para
enfeitar sua sala, por exemplo um lustre bem lindo, no primeiro dia que ele
chega você fica encantada, depois os dias vão passando e ele se torna comum, é
apenas um adereço da sala. Isso acontece também quando vamos fazer uma
apresentação falada, dar uma aula, fiz um curso de comunicação e expressão e a
professora disse que se não estabelecemos um vínculo com nossos expectadores há
perda de interesse.
Repare, quando está assistindo alguma palestra por
exemplo, se o apresentador fala no mesmo tom de voz e não olha pra você, por
mais que o assunto seja super interessante, você tem que fazer um esforço
enorme para prestar atenção. Do mesmo jeito quando entra uma bailarina pra dançar,
por mais que ela seja linda, dance bem, se ela não ‘conversa’ com você,
você perde o interesse. Já aconteceu comigo, de estar assistindo uma
apresentação com uma bailarina que não mudava seu rosto e olhava para um ponto
acima da cabeça do público, chegou um momento que eu estava pensando nas coisas
que eu tinha que fazer em casa, no trabalho, etc. A apresentação dela não me
gerou ‘emoções’.
Lógico que estabelecer este vínculo com o público não é
encarar o pobre coitado do expectador, ou ele vai pensar que você se apaixonou
por ele, ou vai ficar com medo. Imagina alguém olhando fixamente pra você? E é
importante lembrar que se for apresentação fora de palco, de não encarar
maridos/namorados/parceiros das expectadoras porque com certeza isso irá te
gerar problemas. Estabelecer vínculo com o público é um conjunto de coisas, é a
interpretação da música, é a identificação do público que você tem ali, é como
você está se sentindo. Por isso que é importante conciliar sua expressão com o
ritmo dançado e também é legal buscar a tradução da música que você irá dançar,
para te ajudar a montar uma história.
Quando você dança não está somente mostrando uma dança, você
está provocando sensações. Uma boa bailarina desperta sensações no público:
paz, alegria, emoção, beleza. COM ROSTO E GESTOS.
Logo que começamos a dançar, como já falei no meu post
anterior, a expressão deve ser teinada porque ainda somos inexperientes, e
temos que nos preocupar com várias coisas tais como lembrar da coreografia,
lembrar pra que lado tem que girar, qual braço tem que levantar, etc. E é
importante ‘ensaiar’ a expressão. Por exemplo: a entrada será sorrindo, você irá
cumprimentar sua colega e o público com um sorriso, depois na hora do tremido você
poderá dar uma franzida na testa, e na hora de fazer os oitos você pode fazer
um ‘ar de mistério’, e assim vai. Geralmente é sua professora que te dá essas
dicas: qual parte da coreografia você deverá sorrir, ficar séria, etc.
Quando danço gosto de deixar fluir, escuto a música e
construo uma historinha na cabeça: a cantora está sofrendo? É uma música de
amor? O ritmo me desperta alegria ou
tristeza? Me sinto poderosa na parte y da música? Quero ser meiga? Quero
mostrar que estou brava? O rosto nos dá essas diversas possibilidades de
expressão.
Eu sou muito brincalhona, então tenho uma tendência a
brincar e interagir com o público, mas nessa hora também tem que tomar cuidado,
para não ficar a apresentação inteira brincando com o público, tem que
intercalar, brincar, dançar, ficar introspectiva, dependendo da música. Tem
que ter parcimônia.
É muito importante mostrar que ama o que faz, entrar na
música, interpretar. Vale até cantar um trechinho da música durante sua dança (mas
não o tempo todo, lembrem-se: parcimônia!). Por isso que é importante gostar da
música dançada!
Expressão é como um
teatro ou vem do coração?
Os dois! Tem que treinar e vem do coração! Por exemplo:
quando você escuta aquela música emocionante, não te dá um arrepio, uma vontade
de sair rodopiando, as vezes dá vontade de chorar ou uma alegria imensa!?
O QUE É PROIBIDO:
encarar, utilizar da ‘sedução vulgar', ficar com cara de nada, expressão fora de
contexto, ficar mordendo a boca, cara de mal humorada, olhar para o chão.
COISAS QUE
ATRAPALHAM: figurino mal ajustado (muito comprido, largo, cinturão solto),
ansiedade, medo, baixa auto-estima. Por
isso que a coreografia deve estar muito ensaiada!!!!Senão fica com cara de
desespero.
O QUE AJUDA: Treinar
na frente do espelho, assistir vídeos de bailarinas famosas. Interação com
público (se ver uma senhora simpática batendo palma sorria para ela, brinque).
Não tente agradar a todos, sempre terá alguém com cara feia quando você estiver
se apresentando, tente interagir, mas não insista, nossa dança nunca irá
agradar 100% do público.
DICA FINAL: É
importante você adequar sua expressão à sua personalidade. Não adianta você querer
ser brincalhona, se você é tímida. Se você for tímida interaja de modo tímido,
dê um sorrisinho, faça uma dancinha mais meiga, mais introspectiva.
DEIXO AQUI OS VÍDEOS COM BAILARINAS QUE ME TRANSMITEM EMOÇÃO
(Sabem combinar DANÇA+EXPRESSÃO):
DARIYA MITSKEVICH
ESMERALDA
DINA
NUR
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