No dia 25 de outubro, último sábado, aconteceu o espetáculo
de final de ano do estúdio de dança do ventre em que dou aula. Deu tudo certo,
foi lindo, emocionante, as meninas arrasaram, se superaram e brilharam. Pela
primeira vez não pensei somente na minha performance. Pensei no espetáculo
todo. Porque antes só dançava como aluna e minha única preocupação era se iria
acertar ou errar os passos.
Dessa vez dancei como professora, ajudei a organizar, ajudei
na escolha de uma boa figurinista (que fizesse roupas lindas e com preço
acessível), ajudei na divulgação, venda de ingressos, montei coreografias, resolvi
problemas, sofri pressão, aguentei brigas e olhares tortos, porque nunca conseguimos
agradar 100% das alunas em relação a figurinos, música da coreografia, dia da
apresentação, venda de ingressos, mas sobrevivi a tudo isso. E no final deu
tudo certo. Todo mundo saiu da apresentação feliz e realizado. E o público
amou! Recebi diversos feedback positivos: “Que a apresentação foi uma das
melhores dos últimos tempos!”, “Que os figurinos estavam maravilhosos, que as
coreografias estavam espetaculares e as meninas estavam deslumbrantes”. Hoje
fiquei sabendo que nosso espetáculo foi citado de forma positiva por um
vereador no início da sessão da câmara. O reconhecimento gera uma sensação
muito boa.
O processo da construção de um espetáculo é muito
complicado, tem que planejar, reservar teatro, selecionar quais turmas irão
dançar o que (folclore, dança moderna, dança clássica), avaliar e decidir quais
alunas poderão realizar solos, depois disso tem que decidir como será o
figurino, tem que pensar nas coreografias, tem correr atrás de patrocinadores,
tem que fazer divulgação, tem que ir atrás de filmagem e fotografia, marcar
ensaio geral. Além de tudo tem que apaziguar os ânimos das alunas, pois são
muitas personalidades juntas. Algumas meninas são tranquilas, outras brigam e
se estressam por qualquer coisa. É muita coisa para se preocupar, é muita gente
para acalmar. E no dia da apresentação tem que estar bela em cima do palco sem
nenhuma cara de cansaço.
Até o dia da apresentação o tempo passa devagar, são tantos
preparativos, o mês que antecede o espetáculo é lotado de afazeres, são os
últimos ajustes, são ensaios exaustivos, são as expectativas e possibilidades.
E então chega o grande dia: todo mundo no teatro logo cedo,
marcação de palco, coração começando a acelerar, um pouco de dor de barriga, mãos
geladas! Depois tem que correr pro cabelereiro, fazer a maquiagem e voltar à noite,
toda bela e com diversas preocupações: “Será que vou acertar aquela parte que
eu sempre erro?”, “Será que vou lembrar da coreografia?”, “Será que vou
tropeçar?”, “Será que vou lembrar de sorrir?”. E vejo essas questões no
rostinho de cada aluna que está ali no camarim. Algumas não aparentam tanto
nervosismo, algumas chegam aceleradas e querem dançar logo para se livrar logo das
borboletas no estômago.
E chega a hora de entrar no palco, o coração dá um pulo e
você vai! E tudo passa tão rápido que você sai do palco meio atordoada,
pensando “SÓ ISSO?”. Aí você relaxa e assiste suas companheiras de dança se
apresentando, se diverte, bate palmas, pula, grita e se diverte horrores na
apoteose. E aí vem o vazio! “Acabou? E agora? Quero mais!!!”.
Confesso que fiquei até um pouco deprimida no dia seguinte
da apresentação, senti como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado. Me senti
realizada, ganhei presente das alunas, ganhei parabéns de diversas pessoas, sai
com a sensação de missão cumprida, mas com uma pontinha de tristeza por ter
acabado. Mas isso durou só um pouco, porque comecei a me preocupar com o
próximo espetáculo!E aí meu animo voltou completamente, pois me lembrei da
música do Queen: “The Show must go on” (O Show deve continuar!). E já estou com
muitas ideias borbulhando no meu cérebro!;-)
“My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly my friends
The show must go on” – Queen