São 22h13 e estou aqui sentada em frente ao computador, de pijama, refletindo sobre este domingo que foi ao mesmo tempo cansativo e de muitas conquistas e superações. Hoje aconteceu o Festival Encanto dos Véus aqui em São Carlos, que é um evento grande de dança do ventre que começa às 8h da manhã e termina às 8h da noite. Para os amantes de dança do ventre, como eu, é um dia maravilhoso com diversas apresentações, que são divididas em mostras e competições.
Eu nunca havia
participado de um concurso até então, nem mesmo como solista. E este ano
resolvi que estava na hora de inscrever o meu grupo para a competição de grupo
amador. E por que decidi isso? Porque para crescer é necessário sair da zona de
conforto, e se propor a competir é evoluir e se superar, tanto para as alunas
como para a professora. As condições para poder competir neste evento é que as
bailarinas utilizem o véu de seda e um elemento surpresa. Perguntei para minhas
alunas do intermediário, que até então nunca haviam manejado um véu na vida, se
elas topariam o desafio. E elas toparam! Entramos todas juntas no nosso bote e nos
jogamos ao mar!
Foram meses estudando manejo
e movimentos de véus, decorando a coreografia, aprendendo giros, aprimorando as
técnicas de quadril, braços, etc. E todas elas ali empenhadas e se superando
dia a dia, alguns dias eram bons, os passos fluíam, outros dias eram mais
difíceis, em que ouvia “Mas esse movimento nunca vai sair!” ou “Odeio esse véu!”.
Foram meses de
preparativos, de escolha e definição de figurino, de ensaios cansativos, de união,
cooperação, dedicação e superação. Porque um trabalho em grupo é muito mais elaborado
que um trabalho solo, porque não basta uma pessoa dançando bem no grupo, e sim
que todas estejam dançando bem e sincronizadas. Para a coreografia ficar bonita,
deve-se trocar o ‘eu’ por ‘nós’. Essa é a beleza de um trabalho em grupo,
abandonar o próprio ego para pensar em algo maior.
E o dia chegou e foi
hoje. E lá fomos nós com aquele misto de ansiedade, alegria, exaltação, medo, um
turbilhão de emoções! Eu nunca havia ficado tão nervosa em toda minha vida,
costumo ficar um pouco ansiosa antes das minhas apresentações, mas ao me sentir
responsável por um grupo e desejar que desse tudo certo para elas, me causou um
frio enorme na barriga. Porque queria que tudo corresse bem, por elas, não por mim, pois vi todo o
esforço e evolução de cada uma delas, e acredito que as mães sintam isso por
seus filhos.
E por fim, elas entraram
no palco e arrasaram, se superaram e fizeram tudo que haviam se proposto a
fazer. Fizeram uma apresentação com quase nenhum erro, estavam totalmente
sincronizadas e felizes. E lógico que quando você se inscreve em uma
competição, seja ela qual for, você deseja vencer. Tínhamos
consciência que a categoria amador dentro de uma competição é muito ampla, e
terão bailarinas de diversos níveis, desde iniciantes até as bailarinas
avançadas. E por isso que digo que entramos no mar com o nosso bote, mas não
deixamos as ondas nos afundar, porque apesar de ser a primeira vez das minhas
alunas em uma competição, elas fizeram uma apresentação linda, dentro das
possibilidades de uma turma de intermediário. Talvez se a competição fosse
dividida por níveis de dança a gente tivesse ganhado, não sei...Mas sei que assisti
apresentações lindas, com bailarinas competentes, de níveis mais avançados, e
mais experiência em competições.
Lógico que nem tudo são
flores, e nem sempre o resultado final de uma competição agrada a todos, porque
a banca é formada por seres humanos com histórias, experiências e gostos
diversos, então pode ser que o que seja considerado certo e bonito por uma
pessoa, não seja considerado tão certo e bonito assim por outra. É uma
avaliação muito pessoal, concordo que técnica é técnica e isso não tem como
errar na hora da avaliação, porque a banca sempre é composta por profissionais
extremamente competentes, mas não só a técnica é avaliada e sim um conjunto de
itens.
As vezes acontecem injustiças,
as vezes pessoas agem na má fé e se inscrevem como grupo amador sendo que são
bailarinos experientes e muitas vezes já dão até aula de dança, mas as vezes
isso tudo passa batido...Mas penso aqui que uma categoria amador é bem ampla
mesmo e talvez para minimizar este tipo de coisa, fosse necessário uma maior
divisão das categorias, algo como: categoria amador júnior (para iniciantes),
categoria amador pleno (para intermediários), amador master (alunos avançados)
e categoria grupo profissional/professores. Se bem que isso também daria pano
pra manga para outro tipo de discussão, será que a minha turma de intermediário
é do mesmo nível de uma turma de intermediários de uma outra escola? São
diversas questões...Nunca participei de uma competição, muito menos organizei
uma competição, então nem imagino o quão seja difícil organizar e definir tudo
isso.
Mas no fim, sai com uma
sensação boa desta experiência. Vi minhas alunas brilhando ali naquele palco e
para mim, foi como se elas tivessem tirado o primeiro lugar. Estou aqui
cansada, mas me sentindo realizada, agradecida e cheia de orgulho. A banca
forneceu um feedback altamente construtivo e isso nos dará ferramentas para que
possamos evoluir mais e mais.
E parabéns a todas as alunas e bailarinas que se propuseram a este desafio!Vocês são vencedoras, não importa sua colocação.
E parabéns a todas as alunas e bailarinas que se propuseram a este desafio!Vocês são vencedoras, não importa sua colocação.
E que venham as próximas!
Muito interessante!
ResponderExcluir