terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Abusos no mercado de dança do ventre

Hoje estava refletindo sobre algumas coisas que já vi no mercado de dança do ventre e resolvi escrever a respeito.

Vivemos em um país democrático e capitalista. Isso significa que você pode vender seu produto pelo preço que você quiser. Se você tiver um bom produto ou produto diferenciado, se você for o único que vende um tipo de produto ou serviço ou você souber fazer propaganda do seu produto talvez você consiga vendê-lo por um preço acima da média do mercado.

Eu paguei um preço justo pelas minhas aulas, pois fiz na melhor escola de dança do ventre da cidade de São Paulo (e vocês devem estar se perguntando: “mas o que é ser a melhor escola para você?”, considerava a melhor escola porque na minha opinião era tradicional e pioneira, possuía os melhores profissionais, os mais renomados, salas de aulas excelentes, etc, e isso é uma opinião pessoal). O preço estava um pouco acima da média das demais escolas? Estava, mas a escola possuía valor agregado para mim.

O que é valor agregado? É tudo que você recebe junto com o produto comprado, por exemplo, quando você compra um creme da Victoria’s Secret, não é apenas um creme que você compra, e sim o que está associado ao creme, isto é, o cheiro único que ele possui, o modo que deixa sua pele macia, a sensação de glamour, de beleza, etc. Por definição do site marketingfuturo.com: “Valor Agregado é expressão originária de finanças, do processo de Avaliação de Valor Agregado (do inglês, EVA), que mede performance. Em sua forma abrangente, designa a percepção que um stakeholder tem do serviço ou produto que lhe é apresentado. É sempre uma percepção comparativa, tendo como base o preço do bem versus os atributos (funcionais ou não) percebidos. A noção de valor agregado traz a ideia de superação de expectativa em relação aos benefícios funcionais do bem”. Portanto é o modo que o cliente percebe um produto, se ele percebe o produto/serviço como a ‘última coca-cola do deserto’ ele pagará o preço que for para a obtenção deste produto. Lógico que isso não se aplica a todo tipo de consumidor, tem o consumidor que prefere pagar menos, na verdade é o consumidor que analisa o Custo-benefício, isto é, será que ele pode ter um serviço ou produto com uma qualidade boa, porém que não seja tão caro?

O mercado da dança do ventre tem diversos públicos, tem as consumidoras que pagam por qualquer coisa, as vezes acontece a síndrome da aluna nova (eu tive essa síndrome, rsrsrsrs), que fica tão deslumbrada com o universo da dança do ventre que compra diversos lenços de quadril, figurino caríssimo de dança de ventre (sem nem saber dançar direito), cds mil, dvds, revistas, etc, tem as consumidoras mais ponderadas e tem inclusive as consumidoras que preferem pagar um preço abaixo da média de mercado, por um serviço não tão bom assim...Chega um momento na vida da aluna que ela começa investir em workshop, aula particular, etc, tudo isso para poder evoluir na dança, e isso é ótimo. O mercado está aí, a competição está aí e que bom que tem gosto para tudo. O problema eu vejo quando começam os abusos.

Acredito que cada escola é livre para criar as regras que quiser, inclusive, concordo, por exemplo, quando uma aluna se propõe a dançar no espetáculo de final de ano e começa a faltar dos ensaios, que ela receba advertência, e até mesmo se faltar muito, não seja autorizada a dançar. São regras, comprometimento e trabalho em equipe.

Porém, atitudes como retardar o ensino para que a aluna fique mais tempo na escola ou ensinar tudo no modo fast-belly dance ("Aprenda tudo de dança do ventre em 1 mês") para atrair alunas, proibir a aluna de fazer aula com outra professora (muitas vezes falando mal da outra profissional), não permitir que a aluna faça workshops ou cursos oferecidos por outras escolas, não ensinar de modo correto (omitir informações, por exemplo), não incentivar a criatividade (de modo que a aluna consiga construir uma coreografia sozinha, por exemplo), forçar aluna comprar produtos da escola, obrigar a participar de espetáculo de final de ano, lotar a sala de aula  (visando o lucro, porém em salas de aula muito lotadas a professora tem mais dificuldade de observar no detalhe cada aluna), etc, além de serem atitudes de má fé, são práticas que visam o lucro a curto prazo. O que significa isso? Você pode até segurar uma aluna por um tempo, porém quando ela perceber que está sendo enganada, nunca mais voltará, e pior, queimará o seu filme e o filme da sua escola.


Algumas pessoas vivem somente da dança e sei que têm que tirar seu ganha pão todo o mês. E acho legal usar da criatividade, da qualidade e do valor agregado para atrair clientela. Se você vende um bom produto/serviço pode ter certeza que você sempre terá compradores e melhor, além de novos clientes, manterá os seus clientes antigos que por sua vez falarão bem do seu produto para futuros clientes. 

“Sabe quem é o melhor vendedor do mundo? O cliente satisfeito, ele vende sua empresa, marca, produto e não cobra comissão”- Roger Stankewski

Um comentário:

  1. Muito bem colocado. São posturas que prejudicam as alunas e o mercado como um todo. Beijo! Ro Salgueiro

    ResponderExcluir