sexta-feira, 20 de março de 2015

O certo e o errado na dança do ventre

Ultimamente tenho visto discussões acaloradas entre bailarinas e profissionais da dança do ventre, algumas condenando a inserção do ballet clássico na dança do ventre, outras dizendo que o acessório x ou y está sendo utilizado de forma errada, outras reclamando que não existe mais dança do ventre raiz. Hoje em dia temos de tudo no universo da dança do ventre, existem as fusões, a utilização de diversos acessórios que nem sempre foram utilizados na dança do ventre desde véus até leques com penas, o ballet já está na dança do ventre faz tempo, não tem mais como dançar sem a realização de pelo menos um girinho ou um arabesque, e por mais que você seja contra, uma vez na vida você dançará com uma música não árabe.

E fiquei aqui me questionando, o que seria o certo e o errado da dança do ventre. Li a uns tempos atrás um texto excelente do Amir Thaleb onde ele explica o estilo argentino (texto completo aqui: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10153115721167188&set=a.46129862187.55836.589402187&type=1&fref=nf&pnref=story) e ele fala que toda a forma que cruza as fronteiras de sua origem, inevitavelmente, passa por mudanças. E que este é um processo normal, por exemplo, quando você come em um restaurante mexicano em qualquer lugar do mundo não terá o mesmo gosto do que em um restaurante no México, mais ortodoxo e tradicionalista, porém existem pessoas que gostam dessa transformação porque talvez o sabor nativo (original) seja estranho ao seu paladar.

É fato que a dança se transformou, recebeu influência de outras danças, desde o jazz até dança moderna, para torná-la mais atraente ao público leigo, véus de todos os tipos foram introduzidos, o véu wings por exemplo, é uma invenção atual (https://bellydancenajla.wordpress.com/2011/05/23/belly-dance-prop-tacular-isis-wings/).

Há tantos estilos diferentes em diferentes partes do mundo: o estilo egípcio, libanês, iraquiano, grego, turco, argentino, russo, americano, etc. E qual deles é o certo? Hoje não conseguimos dizer qual é o estilo certo, acredito que a bailarina vai construindo o seu estilo, estudando diversas bailarinas, tendo aula com diferentes profissionais para finalmente encontrar o seu estilo: uma mistura de vários estilos dos quais se identifica e que combinam com sua personalidade.

Mesmo o folclore que possui regras mais rígidas (ritmo próprio, figurino característico, passos tradicionais), e que mudou pouco com o passar do tempo, sofreu influências, por exemplo, nas releituras do Mahmoud Reda. 

Não existe mais a dança do ventre raiz, o que vejo hoje são bailarinas que tentam fazer uma dança mais clean (como era antigamente) preservando os passos tradicionais da dança do ventre, tais como oitos, básicos egípcios e ondulações e resgatam bailarinas tradicionais como Samia Gamal, Naima Akef, Taheya Carioca, etc. Eu mesma falava por aí que eu era uma bailarina conservadora por gostar mais do estilo ‘raiz’, mas depois conclui que estava sendo contraditória, pois minha bailarina favorita atualmente é a ucraniana Dariya Mitskevich, que tem toda uma técnica própria, com muita inserção de ballet e dança de salão.

Temos que ficar atentas antes de criticarmos uma outra bailarina, temos que tomar cuidado ao dizer que a Fulana está dançando errado, ainda mais se ela estiver dançando uma música moderna ou utilizando acessórios modernos. Concordo que ainda existem regras, e ainda bem que existem, senão a dança do ventre perderia toda a sua essência, espera-se que uma bailarina que tenha estudado bastante, quando for dançar bastão utilize o ritmo saidi ou quando for dançar um khaleege utilize o ritmo soudi. Um oito sempre será um oito, um básico egípcio sempre será um básico egípcio, não tem o que inventar, são imutáveis.

E temos que tomar cuidado para não descaracterizarmos a dança do ventre, pois dado que hoje temos essa gama de inserções de outras danças, ritmos e acessórios, é muito fácil nos perdermos no meio disso tudo. Vejo danças com muito malabarismo, muita utilização de acessórios e quase nenhuma dança do ventre.  

Por isso que temos que estudar sempre, pesquisar muito, tentar diferenciar o que é tradicional e o que não é, buscarmos as origens. É normal se sentir confusa, nem sempre é claro o que é tradicional ou não, e que bom que isso acontece, pois significa que estamos assimilando e questionando e aí está o verdadeiro aprendizado.  Não sou contra as inovações, sou a favor de fazer a inovação com consciência que é uma inovação, e sempre deixar claro isso para o seu público e para suas alunas.  


quinta-feira, 12 de março de 2015

Dança do ventre na TV


Hoje pela manhã, a maravilhosa bailarina Ju Marconato teve uma participação no programa Encontro com Fátima Bernardes. Achei que ela representou muito bem a dança do ventre mesmo com curto tempo disponibilizado, fez duas apresentações rápidas e só teve tempo de falar superficialmente sobre a dança, mas dado que o programa da Fátima Bernardes é um programa de auditório, os temas em geral são tratados de forma superficial, até mesmo pela quantidade de temas a serem apresentados e a curta duração do programa. Apesar de sua participação ter sido rápida, achei que ela conseguiu dar um overview legal da dança, pois além de ter dançado muito bem (como sempre), estava com um figurino deslumbrante e conseguiu falar um pouco sobre a dança (benefícios e origem).

A minha colega de longa data, a bailarina Luciana Arruda, que é uma profunda conhecedora da arte e com a qual já tive debates muito enriquecedores sobre a dança do ventre, lançou uma discussão muito interessante no grupo dela de debates no facebook, sobre se as bailarinas devem aceitar ou não participar desse tipo de programa, pois há uma grande chance de que o programa distorça a arte e a mostre de um jeito que não queremos. Isso pode acontecer mesmo quando a bailarina possui muito conhecimento e tem a melhor das intenções, pois muitas vezes o programa é ao vivo e não há como saber como será a reação do público ou participantes do programa, corre-se o risco que os participantes façam piadas, que não seja dado tempo suficiente para a bailarina falar sobre a dança do ventre ou caso o programa não seja ao vivo, há o risco da edição de partes importantes da dança ou da explicação sobre a arte, levando a informação distorcida para o público.  Muitos pontos importantes foram colocados na discussão, e concluímos que apesar da dança ter sido tratada de modo superficial, a Ju conseguiu transmitir ao público (que deve ser em sua grande maioria mulheres) a beleza e os benefícios da dança. Então mesmo que o tempo tenha sido curto, e tenham ocorrido brincadeiras por parte de alguns dos participantes, tenho certeza que ela conseguiu ‘vender’ bem nossa arte. Acredito que o programa deve ter despertado a vontade de fazer dança do ventre em muitas mulheres.

Concordo que sempre há riscos em participar de programas assim, mas muito melhor que uma bailarina renomada nos represente na telinha da TV, do que uma pessoa com pouco conhecimento, com figurino inadequado e técnica fraca.

Já vi nossa dança muito mal representada na televisão, e acredito que deveríamos ter mais espaço e oportunidade de mostrar toda a beleza e riqueza da dança do ventre. Hoje tive a certeza que esse espaço está sendo conquistado e graças à bailarinas como a Ju, cada vez mais nossa arte será admirada e respeitada.

Para quem quiser assistir a participação da Ju no programa da Fátima Bernarded, o link está aqui: http://globotv.globo.com/t/programa/v/ju-marconato-professora-de-danca-do-ventre-se-apresenta-com-um-candelabro-na-cabeca/4029452/

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Dançar faz bem pra alma


Estava aqui pensando em como a dança me salvou muitas vezes, já contei aqui no blog que comecei a fazer dança do ventre quando me mudei pra São Paulo e estava me sentindo triste e solitária. E a dança mudou minha vida, em diversos sentidos: me aceitei mais, parei de me cobrar tanto, de querer ser perfeita, passei a me gostar mais, me senti mais bonita, mais confiante, ganhei muitas amigas, pessoas lindas e algumas delas estão na minha vida até hoje, e além disso tudo tive a oportunidade de me tornar professora de dança do ventre e poder dividir meus conhecimentos com outras pessoas. 

Atualmente, passei por um momento bem triste na minha vida, estava tudo correndo bem quando aconteceu algo que eu não estava esperando, mas a vida não é assim mesmo? Nos prega peças, nos derruba, nos testa, o tempo todo. Fiquei desolada, e por um momento fiquei paralisada de medo, de tristeza e sem esperança. Os primeiros dias foram assim, mas o importante é ter força para sair da cama, e ir fazendo tudo bem devagarinho, um dia depois do outro, com a consciência que a dor irá passar. E sabe o que me ajudou? A dança! Nesses dias tristes que passei, a única coisa que me deu força e me ajudou a esquecer (mesmo que temporariamente) foi a dança. Preparar minhas aulas, criar coreografias, treinar, estudar, ir na aula de flamenco, tudo isso está me ajudando a seguir em frente.  

Como é bom ter algo ou alguém na nossa vida que nos transforma em pessoas melhores e dá sentido para nossa vida. Muitas vezes a dança tem efeito terapêutico, pois melhora nossa qualidade de vida, faz bem para nossa saúde e para nossa autoestima, e até mesmo muda nossa vida. Vejo isso nas minhas alunas, muitas delas, quando chegam, estão inseguras, ansiosas, tímidas,  desconfiadas, com medo, com vergonha de si mesmas e se cobram demais. Muitas delas se olham no espelho e se criticam: “Olha esse braço que feio”, “Detesto meu quadril grande”, “Ah como eu tô gorda”, e com o passar do tempo, depois de 4 ou 5 aulas, elas vem pra aula maquiadas, com brincos, pulseiras, compram um lencinho de quadril, perguntam onde compro meus macacões pois querem um, a mudança é nítida. É como se fosse mágica, aquelas mulheres que por algum motivo se convenceram que estavam fora dos ‘padrões’, se sentiam feias e inseguras, lá estão elas lindas, se admirando no espelho, e se gostando do jeito que são. Nessas horas tenho vontade de chorar de emoção. Por isso que amo a dança do ventre, ela é para todas. 

A dança faz bem pra nossa alma.





terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Abusos no mercado de dança do ventre

Hoje estava refletindo sobre algumas coisas que já vi no mercado de dança do ventre e resolvi escrever a respeito.

Vivemos em um país democrático e capitalista. Isso significa que você pode vender seu produto pelo preço que você quiser. Se você tiver um bom produto ou produto diferenciado, se você for o único que vende um tipo de produto ou serviço ou você souber fazer propaganda do seu produto talvez você consiga vendê-lo por um preço acima da média do mercado.

Eu paguei um preço justo pelas minhas aulas, pois fiz na melhor escola de dança do ventre da cidade de São Paulo (e vocês devem estar se perguntando: “mas o que é ser a melhor escola para você?”, considerava a melhor escola porque na minha opinião era tradicional e pioneira, possuía os melhores profissionais, os mais renomados, salas de aulas excelentes, etc, e isso é uma opinião pessoal). O preço estava um pouco acima da média das demais escolas? Estava, mas a escola possuía valor agregado para mim.

O que é valor agregado? É tudo que você recebe junto com o produto comprado, por exemplo, quando você compra um creme da Victoria’s Secret, não é apenas um creme que você compra, e sim o que está associado ao creme, isto é, o cheiro único que ele possui, o modo que deixa sua pele macia, a sensação de glamour, de beleza, etc. Por definição do site marketingfuturo.com: “Valor Agregado é expressão originária de finanças, do processo de Avaliação de Valor Agregado (do inglês, EVA), que mede performance. Em sua forma abrangente, designa a percepção que um stakeholder tem do serviço ou produto que lhe é apresentado. É sempre uma percepção comparativa, tendo como base o preço do bem versus os atributos (funcionais ou não) percebidos. A noção de valor agregado traz a ideia de superação de expectativa em relação aos benefícios funcionais do bem”. Portanto é o modo que o cliente percebe um produto, se ele percebe o produto/serviço como a ‘última coca-cola do deserto’ ele pagará o preço que for para a obtenção deste produto. Lógico que isso não se aplica a todo tipo de consumidor, tem o consumidor que prefere pagar menos, na verdade é o consumidor que analisa o Custo-benefício, isto é, será que ele pode ter um serviço ou produto com uma qualidade boa, porém que não seja tão caro?

O mercado da dança do ventre tem diversos públicos, tem as consumidoras que pagam por qualquer coisa, as vezes acontece a síndrome da aluna nova (eu tive essa síndrome, rsrsrsrs), que fica tão deslumbrada com o universo da dança do ventre que compra diversos lenços de quadril, figurino caríssimo de dança de ventre (sem nem saber dançar direito), cds mil, dvds, revistas, etc, tem as consumidoras mais ponderadas e tem inclusive as consumidoras que preferem pagar um preço abaixo da média de mercado, por um serviço não tão bom assim...Chega um momento na vida da aluna que ela começa investir em workshop, aula particular, etc, tudo isso para poder evoluir na dança, e isso é ótimo. O mercado está aí, a competição está aí e que bom que tem gosto para tudo. O problema eu vejo quando começam os abusos.

Acredito que cada escola é livre para criar as regras que quiser, inclusive, concordo, por exemplo, quando uma aluna se propõe a dançar no espetáculo de final de ano e começa a faltar dos ensaios, que ela receba advertência, e até mesmo se faltar muito, não seja autorizada a dançar. São regras, comprometimento e trabalho em equipe.

Porém, atitudes como retardar o ensino para que a aluna fique mais tempo na escola ou ensinar tudo no modo fast-belly dance ("Aprenda tudo de dança do ventre em 1 mês") para atrair alunas, proibir a aluna de fazer aula com outra professora (muitas vezes falando mal da outra profissional), não permitir que a aluna faça workshops ou cursos oferecidos por outras escolas, não ensinar de modo correto (omitir informações, por exemplo), não incentivar a criatividade (de modo que a aluna consiga construir uma coreografia sozinha, por exemplo), forçar aluna comprar produtos da escola, obrigar a participar de espetáculo de final de ano, lotar a sala de aula  (visando o lucro, porém em salas de aula muito lotadas a professora tem mais dificuldade de observar no detalhe cada aluna), etc, além de serem atitudes de má fé, são práticas que visam o lucro a curto prazo. O que significa isso? Você pode até segurar uma aluna por um tempo, porém quando ela perceber que está sendo enganada, nunca mais voltará, e pior, queimará o seu filme e o filme da sua escola.


Algumas pessoas vivem somente da dança e sei que têm que tirar seu ganha pão todo o mês. E acho legal usar da criatividade, da qualidade e do valor agregado para atrair clientela. Se você vende um bom produto/serviço pode ter certeza que você sempre terá compradores e melhor, além de novos clientes, manterá os seus clientes antigos que por sua vez falarão bem do seu produto para futuros clientes. 

“Sabe quem é o melhor vendedor do mundo? O cliente satisfeito, ele vende sua empresa, marca, produto e não cobra comissão”- Roger Stankewski

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A paixão pela dança


Ontem foi meu aniversário e dessa vez não quis fazer grandes comemorações, fui almoçar com minha família e depois fui com meu namorado ao Sesc assistir a excelente banda Fábrica Latina que toca salsa. Chegamos uma meia hora antes e estava tendo uma aula aberta de salsa ministrada pelo grupo de dança de salão Embalanço de Araraquara, e eu como amo qualquer tipo de dança não me aguentei e fui fazer a aula que foi muito boa por sinal. E tinha gente de todo tipo, gente de shorts, de chinelo, de calça comprida. Tinha um senhor idoso gracinha que chegou de bengala, uma senhora de cabelo bem branquinho tão linda com um vestido florido e uma sapatilha verde, tinha um rapaz que já vi outras vezes no Sesc que tem um jeito todo próprio de dançar, e haviam crianças risonhas, adolescentes charmosas, bailarinos de verdade, pessoas de várias profissões e idade.

E fiquei observando o rosto de cada uma daquelas pessoas, os sorrisos, os olhos fechados enquanto requebravam seus quadris ao som da deliciosa melodia latina. Todos ali em paz, sentindo a música. Puderam esquecer, pelo menos naquele instante, dos seus problemas pessoais, suas angústias, seus medos, seus rancores, suas dores.

E o que aquelas pessoas tão diferentes tinham em comum? A paixão pela dança. E era tão lindo ver a professora de dança dançando com o senhorzinho de bengala e a senhora de vestido florido dançando com o rapaz de camisa bege, cada um dançando de um jeito, uns dançando em par, outros girando pela pista sozinhos.

Fiquei tão feliz por perceber que a dança acalenta as pessoas e as une. E naquele momento tive a certeza que também sou uma apaixonada pela dança. 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Reflexões sobre as aulas de dança do ventre.

E mais um ano se inicia, e tenho certeza que todas nós esperamos muitas coisas desse novo ano. E são muitos desejos: ter um filho, mudar de emprego, receber um aumento, fazer aquela tão sonhada viagem, ter mais saúde, encontrar um amor, se curar de uma doença, parar de fumar, emagrecer, fazer uma plástica, se matricular em um curso novo, aprender a dançar, etc.

Ontem foi minha primeira aula do ano, e pedi para minhas alunas darem as mãos, se olharem e imaginar que todas elas têm desejos, frustrações, momentos de raiva, de alegria, de bondade, já sofreram, já amaram e odiaram, já foram amadas e odiadas, já choraram, já riram muito. O ser humano é assim, contraditório. E pedi que elas esquecessem um pouco de si mesmas e pensassem nas suas colegas, porque na aula de dança focamos o tempo todo em nós, queremos melhorar os movimentos, evoluir, aprender mais, queremos nos destacar. Temos um espelho a nossa frente que nos mostra o que temos de bom e o que temos de ruim. E nas muitas vezes em que pensamos na nossa colega de aula, é com impaciência porque ela não consegue aprender um passo, ou com inveja por ela ter facilidade na realização dos movimentos, e quase nunca nos colocamos no lugar dela, imaginando que ela poderia ser você.  Falei para as meninas que é importante sim, essa busca da excelência e realização pessoal, mas também é importante lembrar que quando colocamos o pé na sala de aula somos um grupo, uma equipe e quando formos nos apresentar não adianta apenas uma aluna estar linda, executando os movimentos com perfeição se não está acompanhando o grupo. Então pedi que elas fossem mais tolerantes umas com as outras, inclusive consigo mesmas. Porque temos uma tendência a nos colocar para baixo, só enxergamos nossos defeitos e esquecemos de nos parabenizar pela coragem de aprender uma coisa nova, por cada passo aprendido, por cada melhoria conquistada.

E quando começamos uma coisa nova, sentimos ansiedade, as vezes sentimos tanto medo que preferimos nem começar, e me lembrei de como foi minha primeira aula, decidi fazer dança do ventre quando me mudei pra São Paulo e estava me sentindo triste e solitária, longe da minha família. E lembro que me matriculei no Khan El Khalili que era perto da minha casa (na época nem imaginava que era a melhor escola de dança do ventre de São Paulo), e lá fui eu toda nervosa para primeira aula. Entrei em uma turma que já havia começado e as meninas já estavam executando alguns movimentos com facilidade, e eu os achei deveras complicados. Fiquei boiando em vários momentos, e pra piorar no final da aula a professora botou uma música, todas ficaram em círculo e cada uma deveria ir para o meio do círculo e fazer uma dança, eu quase morri de tanta vergonha, não sabia fazer quase nada. Voltei pra casa e chorei. Mas como boa capricorniana que sou e não sou de desistir fácil, voltei para a segunda aula e assim fui. E quando tinha dificuldade em algum passo, treinava em casa. 

As vezes minhas alunas, ao se depararem com algum passo complicado, falam: “Não consigo!”, e fico brava, falo que é proibido falar “Não Consigo” na minha aula, sabe por que? Porque o cérebro é muito poderoso e quando você fala ou pensa “Não Consigo” o cérebro manda essa mensagem para o seu corpo e aí o movimento não sai mesmo. É importante trocar o “Não Consigo” pelo “Vou conseguir um dia”, porque pode ser que na hora esteja difícil, suas colegas já pegaram o passo, menos você, não se compare, vá no seu tempo, falo isso por experiência própria.

Além de não se cobrar tanto, ponho aqui algumas dicas de aula para todas as alunas (as que irão começar e as que já estão na dança do ventre):
  • É normal ficar ansiosa na primeira aula, pois não sabemos com o que iremos nos deparar. Saimos da nossa zona de conforto, é um mundo novo. Lembre-se que não só você está ansiosa, suas colegas também estão.
  •  É normal sentir vergonha. Temos uma tendência a achar que todo mundo está olhando pra gente, que todos estão vendo nossos passos, nossos erros, nossa descoordenação. Isso não acontece, a única pessoa que estará olhando para você durante a aula será a professora, as outras alunas estarão concentradas nos próprios passos e estarão pensando a mesma coisa que você “Será que todo mundo está me olhando?
  •  Para as alunas que já estão algum tempo na dança, não corrijam suas colegas, as vezes é com a melhor das intenções, mas isto muitas vezes pode constranger sua colega e até mesmo a professora, que pode sentir que não está cumprindo seu papel. Deixe que a professora corrija. Caso perceba que a professora deixou passar algo, avise a professora em particular.
  •  Respeite suas colegas. Lembre-se que cada uma tem seu tempo de aprendizado.
  • Respeite sua professora. Confie na experiência dela. Se você não confia no trabalho dela é melhor buscar outra profissional, ao invés de ficar criticando a aula ou pedindo que ela dê o passo x ou passo y. A professora tem um plano de ensino e cada coisa será ensinada no devido momento, não tente pular etapas, para algumas alunas que têm mais facilidade, as aulas iniciais podem ser bem enfadonhas, tenha paciência ou mude para uma turma mais avançada. Caso queira que a professora se aprofunde mais em algum tema ou passo marque uma conversa em particular com ela.
  • Seja leve. É importante a busca da evolução, do aprendizado, mas é importante levar a aula de um modo mais leve, gostoso e divertido.  É um momento seu, um momento longe dos problemas de casa ou do trabalho. Não leve tudo a ferro e fogo.
 E lembre-se que sua professora está lá para te ajudar e para tirar o seu melhor, e quando tiver qualquer dúvida, conflito, ansiedade, desabafo marque uma conversa com ela. Sou a favor da comunicação, tudo se resolve com muita conversa. E que venha 2015!Com muito sucesso, superação e evolução na dança!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Feliz natal e que 2015 seja repleto de dança!

Dessa vez demorei muito para fazer o cartão de Natal, tanto que o Natal já está quase aí. Tinha até pensado em não fazer, porque estava sem ideias legais...Mas recebi emails de amigos especiais me cobrando, falando que não viam a hora de receber o cartão deste ano, então passei parte do dia de hoje elaborando o tal cartão. 

Todo ano elaboro um cartão no Paint Brush e este ano não foi diferente. Faço um desenho à lápis, em papel de desenho mesmo, depois tiro uma foto do desenho e abro a foto no Paint e aí vou colorindo e colocando os detalhes!E depois finalizo com a ajuda do power point! Se algum desenhista profissional me ouvir, ficará com desgosto, mas são as ferramentas que sei usar!rsrsrsrs.

Já pus o Papai Noel e suas renas em situações bem inusitadas, como em um bar, na praia, dançando, etc. Fiquei refletindo qual seria o tema do cartão deste ano e pensei: "Poxa uma coisa que eu amo tanto é a dança, amo todas as danças do mundo, porém quem me conhece bem sabe que minha dança favorita é a dança do ventre! Me dedico a ela a muito tempo e pensei: "Por que não homenageá-la no cartão deste ano?". E assim surgiu a ideia do cartão! Então eis o cartão de natal de 2014!!!!

Gostaria de desejar um excelente Natal para vocês e para as pessoas que vocês amam. E desejo que 2015 seja um ano maravilhoso, com muitas alegrias, conquistas, superações, saúde, amor, prosperidade, dança, músicas lindas, risadas, comidas gostosas, viagens maravilhosas, poesia e com muitas pessoas queridas e legais na vida de vocês! Espero que no próximo ano possamos nos ver mais, conversar mais e comemorar mais!

FELIZ NATAL E QUE 2015 SEJA MARAVILHOSO!!!!!
Beijos da Angel