quinta-feira, 25 de junho de 2015

Sobre figurinos de dança do ventre

Estava aqui pensando em como um figurino pode dar um UP na sua apresentação ou estragar tudo. Por mais que uma bailarina dance bem, se está com um figurino inadequado, sujo ou mal feito, prejudica e muito a apresentação. O figurino faz parte da dança, inclusive é avaliado em competições. O modelo mais comum de figurino de dança do ventre é composto por saia, cinturão e top.

Eu particularmente não gosto de figurinos muito pelados (isso é uma opinião pessoal tá, não é regra), que chamem atenção para partes do corpo como seios ou bumbum, não gosto de saias com fendas grandes demais, teve uma época que era moda umas saias com umas aberturas redondas na altura do culote que na minha opinião mostravam demais! Podem me chamar de conservadora, mas gosto que apreciem minha dança, não os pedaços do meu corpo que estão expostos. A dança por si só é sensual, e é muito fácil descambar para o vulgar e um figurino inadequado pode queimar o filme.

Quem se propõe a se apresentar já sabe que gastará no mínimo uns 400 reais em um bom figurino. É fato que dança do ventre é uma arte cara, porque além do figurino existem os acessórios: bijuterias (brincos, pulseiras, anéis), véus de seda (custam em torno de 150 reais), espadas (em média 300 reais), etc. Algumas bailarinas fazem seu figurino e assim dá para ‘baratear’, mas dá trabalho fazer um figurino lindo, então se você não souber costurar, não tiver bom gosto, não tiver paciência, nem tempo, é melhor contratar um bom figurinista para fazer sua roupa, mesmo que para isso tenha que pagar um pouco mais. Para as que tem alguma noção de como manejar uma agulha, que não é o meu caso, tem este texto aqui que achei bem bacana e dá dicas de como fazer um belo figurino: confeccionando sua própria roupa

E como saber o que é um bom figurino? Eu sempre falo que ele não pode JAMAIS lembrar uma fantasia de carnaval. As pessoas devem visualizar deusas no palco, não um monte de odaliscas de carnaval. Então deve-se ter muito cuidado na escolha do material que será usado, lembrando também que é importante escolher materiais de qualidade, e isso não significa comprar diamantes ou cristais swaróvski, hoje em dia o mercado disponibiliza pedras, canutilhos, miçangas, castanhas, que dão um efeito maravilhoso por um preço super em conta. Ponho aqui alguns exemplos de figurinos com cara de fantasia de carnaval:


Para contrapor ponho aqui fotos de figurinos CHIQUES, bem elaborados e lindos:


Além de um figurino bem feito é importante se atentar a alguns pontos:

  • Figurino deve estar bem ajustado, não pode estar largo, com cinturão sambando ou pior, desprender na hora da dança, por isso que é importante alfinetar o cinturão na saia.
  • Cuidado com saias transparentes. Imagina você toda linda dançando e todos lá vendo a cor e o formato da sua calcinha.
  •  Cuidado com saia pula brejo, uma boa medida para saias tradicionais: devem ir até o dorso do pé (parte de cima).
  • Figurino deve estar limpo, nada pior que uma saia com a barra suja.
  • Estar atenta se o figurino está condizente com o estilo de dança que será dançada (se é um baladi, saidi, khaleege, melea, moderna, etc). 
  • Escolha da cor é importante, algumas cores se destacam mais em fundo de palco preto, tais como: pink, azul royal, amarelo, etc.
  • Exclusividade: fique atenta se não existirá um figurino igual ao seu. Mesmo que queira algum modelo inspirado em um figurino já existente, tente mudar algumas coisas, acrescentar franjas, mudar o modelo do top, etc.
  •  Lembrar que SOMENTE ter um figurino maravilhoso não te tornará uma ótima bailarina, ele é complemento da sua dança, então nada adianta gastar 1.000 reais em um figurino luxuoso, e não dançar direito. 

domingo, 21 de junho de 2015

Competição de dança do ventre: percepções de uma primeira vez


São 22h13 e estou aqui sentada em frente ao computador, de pijama, refletindo sobre este domingo que foi ao mesmo tempo cansativo e de muitas conquistas e superações. Hoje aconteceu o Festival Encanto dos Véus aqui em São Carlos, que é um evento grande de dança do ventre que começa às 8h da manhã e termina às 8h da noite. Para os amantes de dança do ventre, como eu, é um dia maravilhoso com diversas apresentações, que são divididas em mostras e competições.

Eu nunca havia participado de um concurso até então, nem mesmo como solista. E este ano resolvi que estava na hora de inscrever o meu grupo para a competição de grupo amador. E por que decidi isso? Porque para crescer é necessário sair da zona de conforto, e se propor a competir é evoluir e se superar, tanto para as alunas como para a professora. As condições para poder competir neste evento é que as bailarinas utilizem o véu de seda e um elemento surpresa. Perguntei para minhas alunas do intermediário, que até então nunca haviam manejado um véu na vida, se elas topariam o desafio. E elas toparam! Entramos todas juntas no nosso bote e nos jogamos ao mar!

Foram meses estudando manejo e movimentos de véus, decorando a coreografia, aprendendo giros, aprimorando as técnicas de quadril, braços, etc. E todas elas ali empenhadas e se superando dia a dia, alguns dias eram bons, os passos fluíam, outros dias eram mais difíceis, em que ouvia “Mas esse movimento nunca vai sair!” ou “Odeio esse véu!”.

Foram meses de preparativos, de escolha e definição de figurino, de ensaios cansativos, de união, cooperação, dedicação e superação. Porque um trabalho em grupo é muito mais elaborado que um trabalho solo, porque não basta uma pessoa dançando bem no grupo, e sim que todas estejam dançando bem e sincronizadas. Para a coreografia ficar bonita, deve-se trocar o ‘eu’ por ‘nós’. Essa é a beleza de um trabalho em grupo, abandonar o próprio ego para pensar em algo maior.

E o dia chegou e foi hoje. E lá fomos nós com aquele misto de ansiedade, alegria, exaltação, medo, um turbilhão de emoções! Eu nunca havia ficado tão nervosa em toda minha vida, costumo ficar um pouco ansiosa antes das minhas apresentações, mas ao me sentir responsável por um grupo e desejar que desse tudo certo para elas, me causou um frio enorme na barriga. Porque queria que tudo corresse bem, por elas, não por mim, pois vi todo o esforço e evolução de cada uma delas, e acredito que as mães sintam isso por seus filhos.

E por fim, elas entraram no palco e arrasaram, se superaram e fizeram tudo que haviam se proposto a fazer. Fizeram uma apresentação com quase nenhum erro, estavam totalmente sincronizadas e felizes. E lógico que quando você se inscreve em uma competição, seja ela qual for, você deseja vencer. Tínhamos consciência que a categoria amador dentro de uma competição é muito ampla, e terão bailarinas de diversos níveis, desde iniciantes até as bailarinas avançadas. E por isso que digo que entramos no mar com o nosso bote, mas não deixamos as ondas nos afundar, porque apesar de ser a primeira vez das minhas alunas em uma competição, elas fizeram uma apresentação linda, dentro das possibilidades de uma turma de intermediário. Talvez se a competição fosse dividida por níveis de dança a gente tivesse ganhado, não sei...Mas sei que assisti apresentações lindas, com bailarinas competentes, de níveis mais avançados, e mais experiência em competições.

Lógico que nem tudo são flores, e nem sempre o resultado final de uma competição agrada a todos, porque a banca é formada por seres humanos com histórias, experiências e gostos diversos, então pode ser que o que seja considerado certo e bonito por uma pessoa, não seja considerado tão certo e bonito assim por outra. É uma avaliação muito pessoal, concordo que técnica é técnica e isso não tem como errar na hora da avaliação, porque a banca sempre é composta por profissionais extremamente competentes, mas não só a técnica é avaliada e sim um conjunto de itens.

As vezes acontecem injustiças, as vezes pessoas agem na má fé e se inscrevem como grupo amador sendo que são bailarinos experientes e muitas vezes já dão até aula de dança, mas as vezes isso tudo passa batido...Mas penso aqui que uma categoria amador é bem ampla mesmo e talvez para minimizar este tipo de coisa, fosse necessário uma maior divisão das categorias, algo como: categoria amador júnior (para iniciantes), categoria amador pleno (para intermediários), amador master (alunos avançados) e categoria grupo profissional/professores. Se bem que isso também daria pano pra manga para outro tipo de discussão, será que a minha turma de intermediário é do mesmo nível de uma turma de intermediários de uma outra escola? São diversas questões...Nunca participei de uma competição, muito menos organizei uma competição, então nem imagino o quão seja difícil organizar e definir tudo isso.

Mas no fim, sai com uma sensação boa desta experiência. Vi minhas alunas brilhando ali naquele palco e para mim, foi como se elas tivessem tirado o primeiro lugar. Estou aqui cansada, mas me sentindo realizada, agradecida e cheia de orgulho. A banca forneceu um feedback altamente construtivo e isso nos dará ferramentas para que possamos evoluir mais e mais.

E parabéns a todas as alunas e bailarinas que se propuseram a este desafio!Vocês são vencedoras, não importa sua colocação.

E que venham as próximas! 

"O mais importante não é competir, é vencer [...] vencer a ganância de só querer ganhar. Mesmo porque a arte de vencer aprende-se com a derrota" (Ary Souza - Ser Namastê)

sábado, 13 de junho de 2015

O que é arte?


Qualquer coisa pode ser classificada como arte? Ou não?

Procurei na internet a definição de arte e um dos conceitos encontrados foi “A arte é uma experiência humana de conhecimento estético que transmite e expressa ideias e emoções”, e fiquei pensando o que seria conhecimento estético, e concluí que 'conhecimento estético' é o que compreendo por beleza...Só que cada um tem uma concepção de beleza, posso considerar algo feio, pela minha experiência pessoal e cultural, que é considerado bonito por outra pessoa com outro tipo de experiência. Vejo algumas manifestações artísticas por aí que não fazem meu coração vibrar, as vezes até mesmo me causam horror e não considero como arte, mas é uma opinião pessoal e talvez isso, que não tenha feito meu coração vibrar, faça o coração de outra pessoa vibrar...E fico aqui pensativa se existe uma regra para definir algo como arte ou a arte é livre?

E deixo aqui uma pergunta, o que é arte pra você? O que faz seu coração vibrar?

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Cópia x Estilo Próprio


Estou a tempos querendo escrever um novo texto para o blog, mas a vida está uma correria.

Tenho estudado muitas bailarinas e assistido muitos vídeos de dança e tive vontade de escrever sobre as cópias na dança do ventre. Atualmente existem vários estilos de dança do ventre: o egípcio, libanês, americano, turco, argentino, do leste europeu. As russas e ucranianas estão na moda, como a Dariya Mitskevich e a Aida Bogomolova. Eu gosto bastante do estilo delas, tem muito movimento de cabeça ‘bate-cabelo’ (herdado do Khaleege iraquiano), giros elaboradíssimos, cambrés maravilhosos. E sempre que aparecem bailarinas assim, com estilos únicos, sempre há um boom de bailarinas-cópias. Lembro que logo que comecei a fazer aulas de dança do ventre, a Dina era referência, e diversas bailarinas dançavam exatamente como a Dina, imitavam cada movimento no detalhe: as travadinhas de quadril, as andadas a ‘la bêbada’, os mega redondões, as enrugadas de testa. Até mesmo os figurinos eram iguais. Depois veio a Saida (argentina) e apareceram um monte de clones-Saida e assim por diante. 

Concordo que copiar bailarinas como estas que eu citei não é uma coisa simples, inclusive é um desafio dos bem difíceis. O fato é que hoje em dia nada é totalmente original, toda dança é construída sobre algo que já existia e acredito que para crescer e criar um estilo próprio, é necessário cercar-se de boas bailarinas e estudá-las profundamente. A construção do estilo de dança é uma coisa muito pessoal, porque tem os passos de dança do ventre que se encaixam melhor no seu corpo e com sua personalidade. 

É imprescindível para a evolução de nossa dança, estudar e nos inspirar nas grandes bailarinas, porém não as copiar. Porque copiar para mim seria uma espécie de plágio. Se bem que a cópia nunca sai igual ao original, por mais que os movimentos, trejeitos e expressões sejam replicados. Dina sempre será Dina, Dariya sempre será Dariya e por mais que eu as copie, nunca serei igual. Inclusive a cópia pode até mesmo ser entendida como uma paródia, que nada mais seria que uma versão distorcida do original.

O desenvolvimento da criatividade faz parte do crescimento da bailarina e o desafio está em pegar algo que está pronto e transformar em algo que seja único, ou seja, que tenha a sua cara, seja você. Lembrando que isso não significa inventar algo novo (porque a técnica já existe e é imutável), porém utilizar o que já existe e colocar a sua personalidade.