quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O vazio pós espetáculo

No dia 25 de outubro, último sábado, aconteceu o espetáculo de final de ano do estúdio de dança do ventre em que dou aula. Deu tudo certo, foi lindo, emocionante, as meninas arrasaram, se superaram e brilharam. Pela primeira vez não pensei somente na minha performance. Pensei no espetáculo todo. Porque antes só dançava como aluna e minha única preocupação era se iria acertar ou errar os passos.

Dessa vez dancei como professora, ajudei a organizar, ajudei na escolha de uma boa figurinista (que fizesse roupas lindas e com preço acessível), ajudei na divulgação, venda de ingressos, montei coreografias, resolvi problemas, sofri pressão, aguentei brigas e olhares tortos, porque nunca conseguimos agradar 100% das alunas em relação a figurinos, música da coreografia, dia da apresentação, venda de ingressos, mas sobrevivi a tudo isso. E no final deu tudo certo. Todo mundo saiu da apresentação feliz e realizado. E o público amou! Recebi diversos feedback positivos: “Que a apresentação foi uma das melhores dos últimos tempos!”, “Que os figurinos estavam maravilhosos, que as coreografias estavam espetaculares e as meninas estavam deslumbrantes”. Hoje fiquei sabendo que nosso espetáculo foi citado de forma positiva por um vereador no início da sessão da câmara. O reconhecimento gera uma sensação muito boa.

O processo da construção de um espetáculo é muito complicado, tem que planejar, reservar teatro, selecionar quais turmas irão dançar o que (folclore, dança moderna, dança clássica), avaliar e decidir quais alunas poderão realizar solos, depois disso tem que decidir como será o figurino, tem que pensar nas coreografias, tem correr atrás de patrocinadores, tem que fazer divulgação, tem que ir atrás de filmagem e fotografia, marcar ensaio geral. Além de tudo tem que apaziguar os ânimos das alunas, pois são muitas personalidades juntas. Algumas meninas são tranquilas, outras brigam e se estressam por qualquer coisa. É muita coisa para se preocupar, é muita gente para acalmar. E no dia da apresentação tem que estar bela em cima do palco sem nenhuma cara de cansaço.

Até o dia da apresentação o tempo passa devagar, são tantos preparativos, o mês que antecede o espetáculo é lotado de afazeres, são os últimos ajustes, são ensaios exaustivos, são as expectativas e possibilidades.

E então chega o grande dia: todo mundo no teatro logo cedo, marcação de palco, coração começando a acelerar, um pouco de dor de barriga, mãos geladas! Depois tem que correr pro cabelereiro, fazer a maquiagem e voltar à noite, toda bela e com diversas preocupações: “Será que vou acertar aquela parte que eu sempre erro?”, “Será que vou lembrar da coreografia?”, “Será que vou tropeçar?”, “Será que vou lembrar de sorrir?”. E vejo essas questões no rostinho de cada aluna que está ali no camarim. Algumas não aparentam tanto nervosismo, algumas chegam aceleradas e querem dançar logo para se livrar logo das borboletas no estômago.

E chega a hora de entrar no palco, o coração dá um pulo e você vai! E tudo passa tão rápido que você sai do palco meio atordoada, pensando “SÓ ISSO?”. Aí você relaxa e assiste suas companheiras de dança se apresentando, se diverte, bate palmas, pula, grita e se diverte horrores na apoteose. E aí vem o vazio! “Acabou? E agora? Quero mais!!!”.

Confesso que fiquei até um pouco deprimida no dia seguinte da apresentação, senti como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado. Me senti realizada, ganhei presente das alunas, ganhei parabéns de diversas pessoas, sai com a sensação de missão cumprida, mas com uma pontinha de tristeza por ter acabado. Mas isso durou só um pouco, porque comecei a me preocupar com o próximo espetáculo!E aí meu animo voltou completamente, pois me lembrei da música do Queen: “The Show must go on” (O Show deve continuar!). E já estou com muitas ideias borbulhando no meu cérebro!;-)


“My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly my friends
The show must go on” – Queen


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA EXPRESSÃO NA DANÇA DO VENTRE


Faz um tempão que quero escrever sobre a importância da expressão na dança do ventre.

Fico muito preocupada quando vejo uma bailarina ou grupos se apresentando sem expressão nenhuma ou expressão estática (sorriso fixo, por exemplo). Já vi meninas que dançam super bem, com técnica impecável e com cara de nada.

Sabe o que acontece quando entra uma bailarina assim pra dançar? Logo o público perde o interesse. Porque a bailarina acaba se tornando um ‘enfeite’. O que quero dizer com isso? É aquele objeto que você compra para enfeitar sua sala, por exemplo um lustre bem lindo, no primeiro dia que ele chega você fica encantada, depois os dias vão passando e ele se torna comum, é apenas um adereço da sala. Isso acontece também quando vamos fazer uma apresentação falada, dar uma aula, fiz um curso de comunicação e expressão e a professora disse que se não estabelecemos um vínculo com nossos expectadores há perda de interesse.

Repare, quando está assistindo alguma palestra por exemplo, se o apresentador fala no mesmo tom de voz e não olha pra você, por mais que o assunto seja super interessante, você tem que fazer um esforço enorme para prestar atenção. Do mesmo jeito quando entra uma bailarina pra dançar, por mais que ela seja linda, dance bem, se ela não ‘conversa’ com você, você perde o interesse. Já aconteceu comigo, de estar assistindo uma apresentação com uma bailarina que não mudava seu rosto e olhava para um ponto acima da cabeça do público, chegou um momento que eu estava pensando nas coisas que eu tinha que fazer em casa, no trabalho, etc. A apresentação dela não me gerou ‘emoções’.

Lógico que estabelecer este vínculo com o público não é encarar o pobre coitado do expectador, ou ele vai pensar que você se apaixonou por ele, ou vai ficar com medo. Imagina alguém olhando fixamente pra você? E é importante lembrar que se for apresentação fora de palco, de não encarar maridos/namorados/parceiros das expectadoras porque com certeza isso irá te gerar problemas. Estabelecer vínculo com o público é um conjunto de coisas, é a interpretação da música, é a identificação do público que você tem ali, é como você está se sentindo. Por isso que é importante conciliar sua expressão com o ritmo dançado e também é legal buscar a tradução da música que você irá dançar, para te ajudar a montar uma história.

Quando você dança não está somente mostrando uma dança, você está provocando sensações. Uma boa bailarina desperta sensações no público: paz, alegria, emoção, beleza. COM ROSTO E GESTOS.

Logo que começamos a dançar, como já falei no meu post anterior, a expressão deve ser teinada porque ainda somos inexperientes, e temos que nos preocupar com várias coisas tais como lembrar da coreografia, lembrar pra que lado tem que girar, qual braço tem que levantar, etc. E é importante ‘ensaiar’ a expressão. Por exemplo: a entrada será sorrindo, você irá cumprimentar sua colega e o público com um sorriso, depois na hora do tremido você poderá dar uma franzida na testa, e na hora de fazer os oitos você pode fazer um ‘ar de mistério’, e assim vai. Geralmente é sua professora que te dá essas dicas: qual parte da coreografia você deverá sorrir, ficar séria, etc.

Quando danço gosto de deixar fluir, escuto a música e construo uma historinha na cabeça: a cantora está sofrendo? É uma música de amor?  O ritmo me desperta alegria ou tristeza? Me sinto poderosa na parte y da música? Quero ser meiga? Quero mostrar que estou brava? O rosto nos dá essas diversas possibilidades de expressão.

Eu sou muito brincalhona, então tenho uma tendência a brincar e interagir com o público, mas nessa hora também tem que tomar cuidado, para não ficar a apresentação inteira brincando com o público, tem que intercalar, brincar, dançar, ficar introspectiva, dependendo da música. Tem que ter parcimônia.

É muito importante mostrar que ama o que faz, entrar na música, interpretar. Vale até cantar um trechinho da música durante sua dança (mas não o tempo todo, lembrem-se: parcimônia!). Por isso que é importante gostar da música dançada!

Expressão é como um teatro ou vem do coração?

Os dois! Tem que treinar e vem do coração! Por exemplo: quando você escuta aquela música emocionante, não te dá um arrepio, uma vontade de sair rodopiando, as vezes dá vontade de chorar ou uma alegria imensa!?

O QUE É PROIBIDO: encarar, utilizar da ‘sedução vulgar', ficar com cara de nada, expressão fora de contexto, ficar mordendo a boca, cara de mal humorada, olhar para o chão.

COISAS QUE ATRAPALHAM: figurino mal ajustado (muito comprido, largo, cinturão solto), ansiedade, medo,  baixa auto-estima. Por isso que a coreografia deve estar muito ensaiada!!!!Senão fica com cara de desespero.

O QUE AJUDA: Treinar na frente do espelho, assistir vídeos de bailarinas famosas. Interação com público (se ver uma senhora simpática batendo palma sorria para ela, brinque). Não tente agradar a todos, sempre terá alguém com cara feia quando você estiver se apresentando, tente interagir, mas não insista, nossa dança nunca irá agradar 100% do público.

DICA FINAL: É importante você adequar sua expressão à sua personalidade. Não adianta você querer ser brincalhona, se você é tímida. Se você for tímida interaja de modo tímido, dê um sorrisinho, faça uma dancinha mais meiga, mais introspectiva.

DEIXO AQUI OS VÍDEOS COM BAILARINAS QUE ME TRANSMITEM EMOÇÃO (Sabem combinar DANÇA+EXPRESSÃO):


DARIYA MITSKEVICH

ESMERALDA

LEILA

DINA

NUR




Por que eu danço?

Sempre gostei de dançar, desde criança. Acredito que amo tanto dançar porque acima de tudo amo música. Uma vez que estava muito triste pensei: “Só não desisto de tudo porque existe a música”. A música sempre embalou minha vida, nos momentos felizes, nos momentos tristes, até mesmo na hora do estudo. Minha família é feita de música. 

Desde que me conheço por gente meu pai ama música clássica, lembro dele estudando ao som de Rachmaninoff, Haendel, Mozart, etc. Minha mãe quando estava triste botava na vitrola um Piazzolla e lá ficava ela no sofá de olhos fechados ouvindo as belas notas. E quando estava muito feliz gostava de ouvir salsa enquanto cozinhava comidas deliciosas. Meu irmão virou músico, guitarrista, vive mergulhado nos sons maravilhosos e psicodélicos de Blue Oyster Cult, UFO, Wishbone Ash, Allman Brothers, Robin Trower. 

Meus amigos são música. Posso dizer que meus melhores amigos foram feitos por causa da música. “Vem aqui em casa, pois comprei o disco novo do Iron Maiden!”.
Meu namoro começou por causa da música. Quantas noites passei trocando, pela internet, vídeos e ideias sobre músicas com o meu amor.

Lembro que eu devia ter uns 13 anos quando pedi de presente de natal um walkman e uma fita do Little Richard. Passei dias me requebrando ao som de “Good Golly Miss Molly”. E queria expressar meu amor pela música! De que jeito? Dançando!
Fiz ballet quando era criancinha, mas foi por pouco tempo. Depois passou um tempão até me tocar que eu precisava botar pra fora essa coisa de dançar! Antes mesmo de entrar no jazz, botava minhas músicas favoritas e ficava dançando em frente ao espelho lá na sala da casa da minha mãe. Criava coreografias malucas, sapateava ao som de Paco de Lucia imaginando que eu era uma espanhola, dava giros sem técnica nenhuma, as vezes me estatelava no chão. Botava o Tchaikovsky e ficava nas pontas do pé, imaginando que estava me apresentando no teatro, e andava pela sala toda na ponta do pé, dando giros descoordenados.

Mas com 17 anos decidi entrar no Jazz. Pensei “Acho que já estou meio velha para iniciar minha carreira de bailarina, porque as grandes bailarinas se iniciaram na dança aos 5 anos de idade, mas vou fazer aulas por prazer”. E lembro que tinha uns alongamentos de ballet, demi plié, gran plié, primeira posição, segunda posição. E eu sentia dores nos meus músculos que não estavam acostumados com aquilo. Tinha dificuldade com a técnica, mas sempre fui criativa e para a avaliação final, lembro até hoje que fiz uma coreografia com a música do Elvis: ‘It’s Now or Never”. A escolha da música foi bem apropriada, É AGORA OU NUNCA! E fui lá e dei o meu melhor.

Depois na universidade, em um curso árduo de estatística, eu deveria escolher uma matéria eletiva para contar créditos. Dentre as diversas opções, escolhi dança contemporânea. Fui apresentada aos vídeos da Martha Graham e Isadora Duncam. A avaliação final era uma prova escrita e uma coreografia, escolhi a Arabian Dance do Tchaikowski. Coreografei e lá fui eu com a cara e com a coragem. Fiquei com 10. Acho que foi meu único 10 na graduação toda...

Depois fui para São Paulo, com 24 anos. Meu primeiro emprego como estatística. Lembro que chorei muito, porque pela primeira vez na minha vida ficaria longe da minha família. E lá estava eu, perdida naquele cidadão. Me sentindo pra lá de solitária. Stress, pressão, desafios, ansiedade, solidão. Decidi que precisava dançar, dançar para extravasar, para aliviar, para ser feliz! E foi quando comprei uma revista ‘Boa Forma’ e tinha uma reportagem “Dance para ficar em forma!”, a reportagem falava sobre diversas danças e lá estava “Benefícios da dança do ventre”. Sou descendente de libaneses por parte de pai e foi aí que acendeu uma luzinha lá dentro da minha cabeça e pensei: “Angel, essa é a sua dança!”. A reportagem citava algumas escolas de dança do ventre, optei em me matricular na escola que era mais próxima de onde eu morava. Khan El Khalili. E não é que sem querer me matriculei na melhor escola de dança do ventre do Brasil? Era o destino. O primeiro ano foi difícil, posso dizer que eu era a pior aluna da turma. Tinha dificuldades homéricas, perdi as contas de quantas vezes fui pra casa, no metrô, chorando. Mas pensei: “Sou capaz!” e não desisti. 

Há 13 anos a dança do ventre é o bálsamo da minha vida. A dança me deu grandes amigas, me deu (e dá até hoje) grandes desafios, me deu diversos momentos de alegria e superação. E por isso que digo que a dança mudou a minha vida. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Ansiedade pré apresentação (by Angel Achkar)


O nosso espetáculo está chegando, daqui 13 dias no teatro municipal (dia 25 de outubro). Será um dia especial para todas, para algumas bailarinas será mais especial ainda porque será a primeira vez!

Fiquei com vontade de escrever sobre isso porque uma apresentação gera uma gama de sentimentos em cada uma de nós. Fiquei tentando lembrar como foi minha primeira apresentação. Isso foi a 12 ou 13 anos atrás, lembro que era uma apresentação de véus, com uma música linda do Ehab Tawfik, lembro dos ensaios (que foram muitos), dos preparativos, do figurino e do coração batendo forte quando estava chegando a nossa hora! Fiquei nervosa, e fico até hoje. Lógico que o nervoso não é tão forte como quando comecei a dançar, mas o coração sempre dá aquele pulo antes de entrar no palco. Ainda bem! Senão não teria a menor graça.

A apresentação é o nosso momento, é a hora de mostrarmos toda nossa dedicação, tudo que ensaiamos durante meses, nas aulas e em ensaios extras. É a hora de brilhar!

Porém isso vira um tormento para algumas pessoas, tanto que algumas alunas optam em não se apresentar porque o frio na barriga é tão grande que chega a paralisar! Eu sempre fui de me desafiar, porque depois que enfrento os meus temores, me sinto tão realizada, tão feliz por ter me permitido aquela experiência. A vida é feita de coragem, é abrir o peito e ir, e se cair, tropeçar, levantar com um sorriso nos lábios e dizer: “Estou aqui corajosa, estou tentando, dando o meu melhor, e podia estar em casa fazendo as coisas que eu estou acostumada, na minha zona de conforto, mas estou aqui fazendo algo diferente, estou me SUPERANDO”.

As vezes queremos uma receita para apaziguar o frio na barriga pré-apresentação, mas cada uma tem o seu jeito de se acalmar. Algumas preferem conversar, outras preferem ficar no celular jogando ou no face, outras querem ficar quietinhas no seu canto, fazendo uma oração ou uma meditação, terminando de arrumar o figurino, retocando a maquiagem. Sempre tem as alunas animadas que estão brincando, tirando fotos pra postar no instagram. O que posso dizer que é importante não se cobrar demais, a apresentação é um momento de diversão, é o resultado de toda sua dedicação. Pense que todas as suas colegas estão passando pela mesma coisa, todas estão ansiosas, algumas mais, algumas menos. Algumas deixam transparecer, outras parecem calmas, mas por dentro também estão nervosas. Todas se dedicaram, ensaiaram muito, ninguém quer errar, ninguém quer tropeçar. Mas se tropeçar, se esquecer, tudo bem! Lembre-se que você se dedicou, você está dando o seu melhor, e você já é uma vencedora somente de estar lá em cima do palco sob as luzes refletoras e os olhares da plateia.

As coisas nem sempre saem do jeito que queremos. Temos que levar, não só a dança, mas a vida, de um jeito leve. Esqueci? Faço uma gracinha, olho pra colega e continuo. Tropecei? Dou uma risadinha, ajeito a saia, jogo um beijo pra plateia e continuo!!!!As pessoas tendem a admirar aquelas que se superam!

Deixo aqui algumas dicas que considero importantes (mas lembrem-se que é uma opinião pessoal, não é regra):

ENSAIOS: é importante estar segura com sua coreografia, por isso que temos ensaios e repetimos 10, 50, 500 vezes os mesmos passos. É normal depois de uma apresentação você não querer mais ouvir a música que foi dançada por um bom tempo.rsrsrsrs. 

Gosto muito da expressão espontânea de palco, aquela coisa de deixar fluir o sentimento, porém isso ocorre quando temos mais experiência com a dança. Por isso que quando estamos aprendendo dança do ventre, até a expressão deve ser treinada. Todos os detalhes devem ser ensaiados, braços, postura, posição dos pés, pra onde os olhos irão olhar,quando é importante sorrir, qual é a hora de se jogar no drama, etc. E nada melhor que repetição! REPETIR, REPETIR e REPETIR. Por isso que é tão importante não faltar dos ensaios, pois quanto mais se ensaia, menor a chance de esquecimento. É só a música começar que o corpo vai sozinho!

O DIA ANTERIOR: Prepare suas coisas com tranquilidade. Separe seu figurino, maquiagem e bijuterias que irá usar, ponha tudo dentro de uma sacola. É muito importante levar alfinetes para alfinetar o cinturão e o bustiê. Papel higiênico e cotonete para algum problema na maquiagem. Desodorante, perfume e uma toalhinha pra secar o suor. Se você já for pronta de casa, se enrole com o véu, se não tiver véu, se enrole em uma echarpe ou lenço pra não mostrar o figurino antes da hora. Vá com um chinelinho, leve bolachas ou barra de cereal. Outra coisa que já salvou muito minha vida, é levar um kit costura, para alguma eventualidade.
Outra dica que dou é a mesma dica que recebemos quando vamos prestar vestibular. No dia anterior (depois que arrumar suas coisas) esqueça tudo! Isso mesmo ESQUEÇA TU-DO! Não fique querendo marcar ensaios até as 4 da madrugada, ou ficar pensando nos passos, relembrando momentos da música. Tire da cabeça, vá jantar com seu namorado, vá ao cinema com seus amigos. Vá se divertir. Só aconselho a não pegar uma super balada e beber todas tá?

NO DIA: geralmente ocorre um ensaio geral, pela manhã, no teatro. O ensaio geral não é bem um ensaio e sim uma marcação de palco. Cada grupo geralmente passa 2 ou 3 vezes sua coreografia, sai do palco e dá espaço para o próximo. Quando chegarem ao teatro, tanto no dia do ensaio geral como a noite (na hora do espetáculo), procurem sua professora, sentem com suas amigas e esperem sua vez de fazer a passagem de palco. É importante não chegar fazendo alvoroço, falando alto, isso atrapalha as outras meninas. Durante o espetáculo é muito importante não ficar conversando perto das coxias, pois dá pra escutar tudo do palco e atrapalha. De preferência fiquem nos camarins e fiquem atentas a hora em que deverão se apresentar (geralmente têm papéis colados nas portas, com a ordem da apresentação). As vezes acontece de alguma colega estar muuuuito alvoraçada e ansiosa, é importante acalmá-la, segure a mão dela, converse com ela, peça pra ela respirar pelo nariz e soltar o ar vagarosamente pela boca. A exaltação contagia as demais colegas, lembre-se disso antes de surtar master! ;-)

DIVERSÃO: Divirtam-se! Tirem fotos, abracem as amigas, se puderem façam uma oração em conjunto antes da entrada do grupo de vocês e quando entrarem no palco ESTUFEM O PEITO, ABRAM UM SORRISÃO e pensem: “SOU LINDA, MARAVILHOSA, PODEROSA, ENSAIEI A BEÇA E VOU ARRASAR!”


TÉCNICAS DE "SOMEBODY LOVE" DA ANGEL: se errar utilizem as técnicas de "somebody love" da Angel. O que é isso meu Santo Senhor??? Se lembram do Armando Volta da escolinha do professor Raimundo? http://www.youtube.com/watch?v=OdrB8Tjdqp0 Quando ele não sabia uma resposta ele dava uma super enrolada, contava uma outra história, desviava atenção do assunto principal e convencia todo mundo. Então se errar, não façam aquela cara de ‘Ops errei!’, dê um sorrisinho, faça um shimmie de ombrinho, dê uma olhadinha pra colega do lado, e vai que vai, lembrem-se que vocês sabem o passo, pois ensaiaram muuuuuuuuuuuuuuuuuitas vezes.

E tenham a certeza que quando sairem do palco estarão tão felizes e realizadas que concluirão que tudo valeu muito a pena!!!!SUCESSO!

Workshop de dança do ventre (by Angel Achkar)

No final de semana passado fui para São Paulo fazer 2 workshops da minha atual bailarina favorita, a ucraniana Dariya Mitskevich. Foram 2 dias respirando dança do ventre, foram dias super cansativos, mas muito inspiradores e produtivos.
Andei afastada da dança, nunca a deixei por completo, mas em alguns momentos desses 12 anos de aulas, tive momentos de desânimo, achei que minha dança era um lixo, que nunca iria ser igual a Fulana ou a Sicrana. E isso é verdade! Nunca serei igual a Fulana ou a Sicrana, mas adaptarei as coisas que gosto mais nelas ao meu corpo. ‘Roubarei’ de cada uma o que eu gosto mais e formarei a minha dança. Estou lendo o livro “Roube como um artista” do Austin Kleon e me identifiquei muito com um trecho do livro no qual ele diz: “Todo artista é um colecionador. Não um acumulador, há uma diferença: acumuladores colecionam indiscriminadamente, artistas colecionam seletivamente. Eles colecionam apenas coisas que realmente amam”.
Depois desse tempo afastada, voltei com força total. Recebi a proposta para dar aulas de dança do ventre e estou realizada por poder ensinar algo que realmente amo. Ser professora exige muita responsabilidade, as vezes me sinto aflita, pois quero oferecer o melhor para minhas alunas e sempre me pergunto: “Será que realmente estou dando o meu melhor?”. Fico feliz quando percebo que estão evoluindo, quando conseguem finalmente realizar um passo que estavam tendo dificuldade no início, isso é muito gratificante para mim. E ao dar aulas, senti a necessidade de me aperfeiçoar e querer estudar mais e mais.
Logo que comecei a aprender dança do ventre, minhas principais referências eram da minha escola, na época a casa de chá Khan El Khalili. Minhas professoras foram a minha base, eu as idolatrava (e idolatro até hoje). Tenho um pouquinho de cada uma em mim, Julli, Rhazi, Tahya, Najwa, Shahar, Lulu. Tenho muito de Nur, pois tive aula com ela por muuuuuuito tempo. Lógico que não tenho movimentos iguais aos dela, porque os movimentos dela são só dela. Depois comecei a procurar novos estilos, comecei estudar tribal, dança indiana com a Shaide Halim. Procurei outras professoras, para conhecer novos estilos.
Não costumava fazer workshops, sempre pensava: “Como é possível aprender tanta coisa em somente 3 horas de aula?”. Mas depois aprendi que realmente não dá para aprender tudo o que foi ensinado em um workshop. A gente só aprende o que interessa pra gente! Por isso que é importante, ao fazer um workshop, já ter um tempo de dança, porque só assim você consegue decidir quais são os seus passos e quais não são.
Sempre levo um caderno para anotar os passos ou sequências que gostei mais, é importante anotar, porque recebemos muita informação durante 3 horas e sem anotar a probabilidade de esquecimento é maior.
Eu adorei os workshops da Dariya, foram 2 horas de técnica e 1 hora de coreografia por dia, anotei muita coisa, as coisas Dariya com cara de Angel. Não adianta eu querer ser uma cópia da Dariya, porque Dariya é Dariya e eu seria uma mera cópia falsificada.
Acho importante, que toda bailarina, se atualize de tempos em tempos, faça um workshop com uma bailarina diferente, que admire, porque além de aprender coisas novas, tem a oportunidade de conhecer gente nova, bailarinas de outras cidades, de outros estados, gente que passa pelas mesmas dúvidas que você, que tem as mesmas preocupações, os mesmos problemas. E essa troca de experiências que é tão enriquecedora. Gostei muito do workshop da Dariya, mas gostei também das trocas de ideias sobre dança, sobre a vida, com pessoas fantásticas: a querida Júlia Jeiressati (de Fortaleza), Kaliana Kli (Fortaleza), Igor Kishka (de Belo Horizonte), Rebeca (aluna da Dani), Mahaila, minhas manas Basimah, Cida e Dani Sacomano.
Como disse Dariya ao final do seu workshop no domingo: “Ouça seu coração, faça o que você realmente ama, não deixe a opinião negativa dos outros te fazer desistir. Estude, estude e estude”.